sexta-feira, 7 de maio de 2010

Mistério.

Calor. Tudo o que sinto
é calor.
Percorro as dunas de uma areia
tão fina e branca
Percorro, não.
Deslizo.

Cheiro almiscarado
do perfume das dunas
Nenhum homem resiste
ao cheiro almiscarado
que almeja atingir
o mais resistente dos homens.

Deserto cálido no qual todo
homem quer se perder.
Desejo árduo provocado
por uma onda dourada
de um mar de raios de sol.

Mar acompanhado
de uma luz
vislumbramento de uma
miragem de olhos escurecidos.
Mistério do deserto.

Deserto quente pelo amor
como o corpo de uma mulher
que destila mel tão açucarado
muitas vezes até mascarado
por um vento sussurante que diz
ao mais teimoso dos homens:
"Me prove".

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Good Trip.

Um quarto apertado, com uma mesa no canto. Nela, milhares de papéis: contas, bilhetes, anotações, pensamentos, desejos, cartas, mistérios.
Nela, chaves, pacotes, canetas, borrachas, pulseiras, roupas, óculos, fotografias, lembranças, vontades.
Um relógio parado.
Na mesa não existe tempo.
Duas xícaras de café caídas no chão. Estas não pertencem mais ao espaço-mesa.
Dois corpos nus, unidos, entrelaçados. Dois olhares fundidos em um.
Um suspiro.
"-Promete que não vai embora?"

sábado, 1 de maio de 2010

Delírio Tropical.

Os fatos acontecem em uma praia. E aí que você está começando a entender o que, de fato, é viver. Ou pelo menos você acha.
Tudo está muito bom, quando você percebe que não é mais uma criança. Você amadureceu, mudou toda a sua lógica de pensamento, perspectiva de vida e princípios. Ou pelo menos é o esperado.
Entretanto, a pergunta ainda fica: Quem é essa nova pessoa?
Cria-se, então, um certo medo de viver. Você se torna medíocre, permanece estagnado enquanto o tempo passa.
Até que a vida vem e te derruba no chão. E te faz engolir areia. Ah, a vida, essa infame. Como toda ação tem sua reação, a sua é mostrada. A batalha é intensa: por meio das experiências e provações passadas, finalmente você cria consciência de suas qualidades, defeitos, limitações.
Tudo está muito bem, novamente. Mas é estranho como a vida parece a onda provocada pela maré: inicialmente tudo está calmo, até que a água te encobre, puxa suas calças e espera pela sua resposta, para que então ela retorne.
É, meu amigo, a onda te afogou novamente. Você se conhece agora, mas ainda não conseguiu seguir em frente. É preciso sair da vala para qual a corrente te arrastou. Para isso, coragem é essencial. Ousadia. Até mesmo um pouco de criatividade.
Mas onde estão essas virtudes? Não adianta esperar que a maré baixe, é preciso ter iniciativa para conseguir o ar de volta. É preciso saltar, mesmo não sabendo o que te espera.
E então você consegue e volta ao estado de felicidade, só que maior. Cria até um certo reconhecimento dos outros banhistas.
Mas a vida, realmente, é uma grandecíssima... sacana. Te derruba no mar de novo, te arrastando para uma vala ainda maior. Uma vala na qual você irá precisar de ajuda para sair.
Graças ao reconhecimento obtido antes, as pessoas começam a dar por sua falta. Mas você já está quase afogado em meio às ondas.
De repente, uma mão aparece. É a mão mais bonita que você já viu. E, no entanto, surge um dilema: segurar ou não? É isso que acontece quando alguém se apaixona. Mas apaixonar-se também faz parte da vida, também traz prazer e dor, também traz evolução. A paixão é fundamental para a existência.
Você segura a mão, que te puxa para a superfície. E, então, nada mais é necessário.
Descobre-te. Revela-te. Apaixona-te.

E tente viver, porque nada disso é delírio tropical.